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Celulares arremessados e saques milionários: a operação da PF contra o deputado Antônio Doido

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A Polícia Federal deflagrou uma operação nesta terça-feira (16/12) visando investigar crimes de corrupção praticados por uma organização criminosa envolvendo agentes públicos e privados, com o deputado federal Antônio Doido (MDB-PA) como um dos principais alvos. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão no apartamento funcional do parlamentar em Brasília, os agentes encontraram celulares que teriam sido jogados pela janela no momento da ação. Eleito em 2022 com 126.535 votos no Pará, Antônio Doido tem um histórico político que inclui o cargo de prefeito de São Miguel do Guamá entre 2017 e 2020, quando era filiado ao PSDB. Ele tentou a reeleição nesse município, mas foi derrotado, e em 2024 disputou a Prefeitura de Ananindeua, obtendo 8,38% dos votos e declarando um patrimônio de R$ 2,5 milhões à Justiça Eleitoral, sendo superado pelo atual prefeito, Dr. Daniel (PSB). Recentemente, a Justiça Eleitoral o declarou inelegível por oito anos devido a abuso de poder político e econômico nas eleições municipais de 2024.

As investigações ganharam força durante o período eleitoral de 2024, quando, em 4 de outubro, o coronel da Polícia Militar do Pará, Francisco de Assis Galhardo do Vale, ligado a Antônio Doido, foi preso ao sacar cerca de R$ 5 milhões em uma agência bancária em Castanhal. Galhardo estava lotado no Gabinete Militar da Assembleia Legislativa do Pará desde abril de 2023 e foi exonerado em 1º de outubro de 2024. Outras duas pessoas foram detidas na mesma ação, com suspeitas de que o dinheiro seria usado para compra de votos. Em janeiro de 2025, um assessor do deputado, Jacob Serruya Neto, lotado no gabinete desde abril de 2023 e exonerado em 19 de janeiro, foi preso ao sacar R$ 1,1 milhão. De acordo com a PF, o valor teria sido entregue por um representante comercial ligado a uma empresa que venceu 33 licitações no Pará apenas em 2021, apontando para propinas a servidores públicos.

A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal com relatoria do ministro Flávio Dino, cumpre 31 mandados de busca e apreensão no Pará e no Distrito Federal. As apurações envolvem delitos como corrupção eleitoral, corrupção ativa e passiva, crimes licitatórios, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com indícios de desvios de verbas públicas por meio de fraudes em licitações. Os recursos supostamente eram utilizados para pagamento de vantagens indevidas e ocultação de patrimônio. Em junho, a Procuradoria-Geral da República iniciou uma investigação sobre a relação de Antônio Doido com um grupo envolvido em saques milionários em agências bancárias no Pará, após prisões em flagrante de aliados do deputado em situações semelhantes.

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