Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro (PL), foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) a 1 ano e 9 meses de prisão em regime aberto por injúria racial. O caso remete a novembro de 2020, quando Wassef, insatisfeito com o atendimento em uma unidade da Pizza Hut no Píer 21, no Lago Sul, chamou uma atendente de “macaca” e afirmou: “Você come o que te derem”. De acordo com os autos, o episódio ocorreu após reclamações sobre a qualidade da pizza, e o juiz Omar Dantas Lima considerou que o insulto desqualificou a vítima em razão da cor de sua pele, ferindo sua dignidade. O magistrado destacou que a conduta de Wassef era ainda mais reprovável por ele ser um advogado criminalista, com maior percepção da gravidade do ato. As circunstâncias foram agravadas pelo fato de a ofensa ter ocorrido em um ambiente de trabalho público, causando cicatrizes emocionais evidentes na jovem negra, como medo e alteração de comportamento.
Na decisão, o juiz enfatizou que o crime de injúria racial é formal e doloso, exigindo a intenção de atingir a honra subjetiva da vítima, o que ficou comprovado pelo conjunto probatório, incluindo depoimentos coesos de testemunhas como o gerente e outros funcionários. Wassef negou as ofensas em sua defesa, alegando ser vítima de uma “engenharia criminosa” orquestrada por adversários políticos, mas o juiz rejeitou a tese por falta de provas, apontando inconsistências nos depoimentos da defesa. Como réu primário, a pena foi substituída por duas medidas restritivas de direitos, com possibilidade de recurso em liberdade, além do pagamento de R$ 6 mil por danos morais à vítima.
Apesar da condenação por injúria racial, Wassef foi absolvido das acusações de racismo e vias de fato relacionadas a um incidente anterior, em outubro de 2020, contra a mesma atendente, onde teria segurado seu braço e a humilhado, jogando uma caixa de pizza no chão. O Ministério Público pediu a absolvição por insuficiência de provas, o que foi acatado pela Justiça. Em nota, os advogados de Wassef afirmaram que buscarão a absolvição integral no Tribunal de Justiça, confiantes na inocência dele na maioria dos fatos.