Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), coordenados pelo professor Edilson de Souza Bias, do Instituto de Geociências, desenvolveram uma plataforma de código aberto integrada a ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para identificar automaticamente plantas invasoras. O projeto, financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), surgiu em 2018 a partir de uma proposta de doutorado sobre pragas na Europa, mas ganhou impulso em 2022 com o edital Agrolearning da FAP e um alerta da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento Rural do Distrito Federal (Seagri) sobre a invasão de Amaranthus palmeri, uma erva daninha exótica e agressiva. A iniciativa conta com parcerias de instituições como o Instituto Federal de Brasília (IFB), o Laboratório de Visão Computacional da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), destacando a importância do monitoramento para conter a dispersão de sementes via equipamentos agrícolas, ração animal e fauna silvestre.
De acordo com Tiago Zuryp, coordenador do Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (HFAUS), espécies invasoras representam um problema global, exigindo manejo custoso para remoção, especialmente em plantas como as Amaranthus no Cerrado, que são resistentes a herbicidas e produzem até 1,8 mil sementes por planta. O combate utiliza drones equipados com sensores de alta resolução e técnica de Deep Learning para reconhecer padrões visuais em imagens aéreas, com precisão centimétrica via sistema RTK e resolução espacial de 2,5 centímetros. Isso permite diferenciar espécies semelhantes e gerar relatórios automáticos com coordenadas de plantas infectadas, reduzindo custos e esforços manuais para agricultores.
Testada com 96% de precisão na identificação de Amaranthus palmeri e híbridos, a tecnologia está pronta para aplicação no Mato Grosso, onde a praga é mais prevalente, e será entregue à Seagri, ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e ao Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). O professor Bias planeja expandir o projeto para outras espécies, dependendo de novo financiamento, o que pode fortalecer políticas agrícolas sustentáveis no Brasil.