Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (5), com base no Censo de 2022, destacam significativas desigualdades socioespaciais nas maiores favelas e comunidades urbanas do país. De acordo com o levantamento, 64% dos moradores dessas áreas vivem em vias sem a presença de árvores, contrastando com os 31% registrados fora desses territórios. A pesquisa compara ainda outros aspectos das vias, como a presença de bueiros, calçadas, iluminação pública, obstáculos, pontos de ônibus, rampas de acessibilidade, pavimentação e sinalização para bicicletas, evidenciando lacunas que afetam a qualidade de vida nessas regiões. Os pesquisadores enfatizam que esses indicadores são essenciais para direcionar políticas públicas e iniciativas estatais para atender demandas específicas de territórios vulneráveis.
Entre as 20 maiores favelas do Brasil, destacam-se Sol Nascente, no Distrito Federal, com 70.908 moradores; Rocinha, no Rio de Janeiro, com 72.021; e Paraisópolis, em São Paulo, com 58.527. Outras incluem Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, em Manaus (55.821 moradores); Rio das Pedras, no Rio de Janeiro (55.653); Heliópolis, em São Paulo (55.583); e Comunidade São Lucas, em Manaus (53.674). A lista prossegue com Coroadinho, em São Luís (51.050); Baixadas da Estrada Nova Jurunas, em Belém (43.105); Beiru/Tancredo Neves, em Salvador (38.871); Pernambués, em Salvador (35.110); Zumbi dos Palmares/Nova Luz, em Manaus (34.706); Santa Etelvina, em Manaus (33.031); Baixadas da Condor, em Belém (31.321); Colônia Terra Nova, em Manaus (30.142); Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo (28.466); Cidade Olímpica, em São Luís (27.326); Chafik/Macuco, em Mauá (26.835); Grande Vitória, em Manaus (26.733); e Jardim Oratório, em Mauá (26.035). Esses números ilustram a escala das populações afetadas pelas disparidades identificadas.
Leticia Giannella, gerente de Favelas e Comunidades Urbanas do IBGE, ressalta a importância dessa análise: “Esse foi o primeiro momento que a gente conseguiu de fato evidenciar essa diferença, essa desigualdade socioespacial, a partir do momento que a gente tem os dados de favela e os dados de entorno, é, com o mesmo questionário que foi feito dentro e fora de favelas”. Os dados podem subsidiar debates políticos sobre investimentos em infraestrutura urbana, promovendo maior equidade em contextos de planejamento territorial e desenvolvimento social.