Mais uma vez, Brasília parou sob as águas de uma chuva comum nesta quarta-feira, com a Asa Sul se convertendo em um verdadeiro rio em questão de minutos. Carros submersos, motoristas correndo para o gramado e uma árvore caída bloqueando vias inteiras pintam o quadro de um desastre anunciado. O que choca não é a intensidade da precipitação, mas a absoluta previsibilidade desse colapso, que se repete ano após ano sem que medidas efetivas sejam tomadas.

O cerne do problema reside na inércia da Administração do Plano Piloto, que ignora estudos sérios sobre pontos de alagamento e falha em implementar um plano de drenagem eficaz. Mesmo após o programa Drenar DF devorar recursos públicos consideráveis, a administração local permanece estagnada: bocas de lobo entupidas por falta de manutenção, ausência total de prevenção e uma zeladoria inexistente. Não adianta investir em obras se a sujeira e o descaso sabotam qualquer esforço, transformando o que deveria ser rotina em um espetáculo de incompetência.
Enquanto a população arca com perdas de tempo, dinheiro e, pior, riscos à segurança, a gestão finge surpresa diante do inevitável. A culpa não recai sobre a chuva, mas sobre a incapacidade crônica de quem deveria zelar pela cidade. Brasília, símbolo de planejamento urbano, merece uma administração robusta e proativa, não esse improviso que afunda junto com a primeira tempestade.
É hora de exigir responsabilidade: o caos não é inevitável, mas a negligência sim, e ela precisa acabar antes que mais vidas sejam afetadas por essa falha sistêmica.